sábado, 2 de outubro de 2010

Eight . [Part I]



Um senhor idoso em seu terno amarrozado e gratava vermelha listrada de azul, lia em voz alta 'O morro dos ventos uivantes'. Enquanto isso, todos os alunos o acompanhavam em seus próprios livros, Amely, porém estava com os olhos fixados na parede logo acima do quadro-negro, no pequeno relógio de ponteiros longos. Ela batia o pé impaciente por debaixo da cadeira quando, finalmente, a sineta tocou. Jogou tudo que tinha dentro da bolsa e saiu quase que correndo da sala. 
Ela sempre gostara de Literatura Inglesa, mas naquele dia em especial, ela estava inquieta. O encontro com o Cho a noite não tinha nada a ver com sua ansiedade matutina. Ela certamente não ficaria na escola para ver as aulas da tarde. De mochila nas costas e um Carlton entre os dedos ela esperava, agora paciente, por seu motorista. 


A tarde passou-se rapidamente enquanto ela assistia filmes na Tv a cabo do seu quarto. Dormiu um pouco, tomou banho, escolheu um short jeans Keds e uma camiseta branca La Perla, um salto alto azul Christian Loubotin, uma bolsa Louis Vuitton e um coque no cabelo. Sentou-se à mesa e jantou sozinha, como sempre, acompanhada com sua taça de champanhe Piper-Heidsieck Red Label extra-seco. Mal terminara de comer, Cho estava a sua porta com os cabelos pretos ainda molhados.

Amely não sabia onde Cho a levaria, era surpresa. Ela adorava surpresas. Entrou em seu carro, pôs Smashing Pumpkins no Cd player como música de fundo e esperou pacientemente pelo que estava por vir.
Durante o caminhou ela não pôde deixar de perguntar sobre a Marie, não que se importasse, ela não se importava, só queria vê-lo embarassado. Ele deu um sorriso tolo e lhe disse que dessa vez, dessa vez (disse novamente), seria diferente para ambos.

Marie e Amely estudaram juntas desde a quinta série, eram amigas inseparáveis, pode-se dizer. No segundo grau Marie saiu do colégio que sempre estudou com a Amely e começou a frequentar um outro. A mudança se deu por conta do Cho.
Amely e Cho estavam se conhecendo já fazia alguns meses, naquela fase empolgante do pré-namoro. Amely costumava ser doce e de atitudes sóbrias. Marie, apesar de ter a mesma idade, já sabia como fazer para conseguir o que queria.
Não foi nem um pouco fácil tirar o Cho da Amely. Ele gostava dela e Marie tinha que manter a amizade com a Amely para vê-lo com frequência, embora sempre se irritasse quando eles estavam juntos. Marie aprendeu a por a culpa das coisas em Amely, ela sabia seus segredos, seus medos e usou tudo para conseguir o Cho.

Marie já não suportava ser a segunda em tudo. Era sempre Amely pra cá, Amely para lá, sempre a mais linda, a mais gostosa, a mais boazinha, a melhor aluna. Até seus pais a mimavam pelo fato dos pais dela sempre estarem fora. Até sua cachorra Rose parecia gostar mais dela. 
Apartir do momento que Marie se viu apaixonada pelo Cho ela decidiu que agora a Amely perderia para ela, e seria de um jeito bastante doloroso. Aquilo a fazia rir durantes noites.

No dia do aniversário de Amely, Marie convidou Cho a sua casa para que podessem organizar uma festa surpresa. Foi um uma longa manhã de telefonemas para os amigos de turma das gatoras, bolas, salgados e bolo. O tempo todo regado a vinho, que Marie fingia beber enquanto Cho no fim da tarde já estava bêbado. Para reforçar seu plano, ela pôs rophenol em sua bebida. O combinado foi que os amigos levariam a Amely ao cinema e depois à casa da Marie para que na hora que chegassem fosse feita uma festa surpresa.
Uma hora depois, enquanto faltavam minutos para que todos chegassem Marie revia a ordem dos fatos; Cho no sofá da sala completamente desacordado, somente de samba-canção, e ela só de calcinha deitada em seus braços, sem antes deixar de beber uma grande dose de vocka para que o álcool ficava em seu hálito.


Ah, tudo saiu como ela havia planejado. Todos chegando, abrindo a porta e se deparando com um casal semi-nu no sofá. A melhor amiga da aniversariante e seu quase namorado.




Continua.

Por, CamilaLemos .

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Seven .





O sono a deixara sozinha, abandonada sobre a cama no meio da noite. Livrou-se das cobertas, acendeu o abajur ao lado da sua cama e pisou descalça no chão amadeirado e frio. Andou em círculos pelo quarto, parou de pé diante de um espelho que deixava-a se ver de corpo inteiro. A imagem era a de uma garota de cabelos presos em um coque bem no alto da cabeça, um curtíssimo shot rosa, um blusão de flanela xadrez vermelho de mangas longas, unhas azuis e olhos mais que despertos.
Amely orgulhava-se de não ser como as outras meninas de 17 anos. Ela achava aquelas garotas da escola umas sonsas que só pensavam em manolos da estação, maquiagens e garotos mais velhos empoleirados em suas motos. Apesar disso, ela era a garota mais popular da escola; sempre fora, desde a primeira vez em que pusera seus pés naquele pátio. Todas sonhavam em ser como ela, tão facilmente amável; todos sonhavam tê-la. Em noites como essa, diante do espelho, costuma rir de pensamentos bobos de meninas fúteis

Amely se deu as costas e curvou-se sobre o baú ao pé da sua cama, pegou um Carlton e o acendeu. Foi até a porta da varanda, abriu-a, uma rajada de vento entrou com força fazendo seus cabelos se soltarem do coque e cair por seus ombros. A noite estava fria, seus pelos arrepiaram; o céu negro fazia contraste com pontinhos brancos que brilhavam intensamente. Ela estava concentrada na fumaça que saia da sua boca.

Cho. Fora exatamente ele que a fizera lembrar das colegas de sala. Ela se perguntava se alguma vez teria sido como alguma delas.
Cho. Ela sentia o que estava vindo em sua direção, correndo, galopando contra o vento frio da noite; diversão. Diversão, a única coisa com a qual se importava.
O LG env vibrou em cima de sua penteadeira. Uma mensagem. Um sorriso cínico nasceu no canto do seus lábios. Era a diversão chegando cada vez mais perto.

Sobre sua cama um corpo adormecido mudava de posição. Depois de fitá-lo por alguns segundos, deitou-se novamente ao seu lado e beijou-lhe a boca sonolenta.
- Amo você, King! - disse envolvendo-se em seus braços, fechando os olhos e esperando o sono que agora estava começando a tomar conta do seu corpo.



Continua.



Por, CamilaLemos .


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Six .


Cho estava parado em seu Hyundai preto de vidros fumê, diante do semáforo às quatro horas da tarde. Ele estava voltado da casa da Marie, completamente irritado. Agora era assim que ele ficava todas as vezes em que a via. Ele gostava dela, não havia dúvidas, mas todo aquele drama que a Marie costumava fazer acabava com o encanto dele.

Ele estava de vidros abertos, cabeça recostada no banco e um Carlton na mão. Entre idas e vindas do cigarro à sua boca, seus olhos se depararam com alguém bastante familiar parada na calçada. Ele ficou a olhar, aquelas longas pernas brancas em um shortinho preto, os braços nus contrastando com uma blusinha azul, saltos alto e os longos cabelos loiros voando ao vento.
Era impressionante como a Amely ficava tão linda de azul. Depois de segundos, que pareceram minutos vendo aquela miragem a passos lentos, Cho tocou a buzina, o que fez ela olhar para ele. Amely parou onde estava, no meio da rua, e ficou a olhá-lo sem nenhuma espressão no rosto avermelhado de sol.
No semáforo a luz vermelha deu lugar a luz verde, e os carros começaram a buzinar para ela. Cho fez um sinal com a mão, convidando-a a entrar no seu carro. O barulho a tirou do estado de inespressão, e ela correu até o carro, batendo a porta ao entrar.

Quando ela sentou-se ao seu lado, Cho logo sentiu seu cheiro de Almíscar misturado com um cheiro de shampoo de um cabelo recém lavado. Amely estava ainda mais linda do que há quase um ano atrás. A franja loira caia por sobre seus olhos, ele levantou a mão para afastá-la e deu um beijo em seu rosto como cumprimento. Ele lhe oferece um cigarro, que ela logo aceita e acende com seu isqueiro.

- Senti sua falta. - Disse Cho dando um sorriso.
- Você? Sentindo falta de alguma mulher? Humm... até parece. - Disse Amely cética, olhando para a frente e cruzando as pernas.
Cho sabia que ela tinha razão, isso era algo difícil de acreditar; mas ao vê-la ele percebeu que realmente sentiu a falta dela, nem que fosse um pouco, mas ele sabe que sentiu.
- Como está a Marie?
- Como você está? - Cho retrucou com outra pergunta desafiadoramente, como sempre costumava fazer.
- Bem.
- Soube que você está com o cara da Boate.
- Robert.
E se faz um silêncio incômodo dentro do carro, até que Cho o interrompe.
- Olha, desculpa. Eu sei que eu não fui muito legal com você quando estávamos juntos, mas você sabia desde o começo quem eu era. Como eu era. Eu não tinha a intenção de magoar ninguém, só queria que nos divertíssimos e você sabe que o fizemos, Am. Foi ótimo o tempo que passamos juntos, mas você sabia que não era a única, e você nunca reclamou. Eu senti sua falta, de verdade!
Amely permaneceu em silêncio. Quando Cho a inquisitou com os olhos, ela finalmente falou.
- Eu fico na próxima esquina. - Ainda mantendo os olhos à sua frente.
- Am ... - Cho começou a falar.
- NA ESQUINA, CHO! - Gritou Amely interrompendo-o.
No local falado, Cho parou o carro e destrancou a porta. Amely desceu do carro sem olhar para trás, bateu com força a porta e saiu andando na direção contrária do carro.
Cho estava prestes a ligar o carro novamente, quando, de relance, viu no banco ao seu lado, aquele em que a Amely estivera sentada, um cartão branco com rosas rosas e letras pretas. Era o cartão da Amely com seu telefone. Cho sorriu e olhou pelo retovisor. Lá atrás estava uma garota de shot preto e óculos escuros sorrindo e acenando, antes de virar as costas e ir embora de mãos dandas a um cara de cabelos castanhos-escuros. Certamente aquele era o Robert.

Cho recostou-se no banco e ficou a fitar o pedaço de papel. Pôs-o dentro da carteira e deu partida no carro. Ele sabia que a Amely o deixara ali.



Continua.


Por, - CamilaLemos .


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Five .


Ainda permanecia na cabeça de King aquela manhã de quatro dias atrás. Ele não acreditava nessa história que o tempo ameniza as coisas, pra ele a dor só aumentava. O pior de tudo era não entender onde estava o fim daquilo tudo, como chegaram até ali. Certo que ele às vezes a sentia um pouco distante e no útimo mês ela estava sempre ausente. Ele sentia qua havia algo errado, mas ela sempre dizia com aquele seu jeito meigo que estava tudo bem. E de fato estava, quando eles estavam juntos; mas era só se separarem para quê ela tornasse a ficar distante.

King dirigia seu carro pela noite escura, não haviam postes iluminando a rua, somente os faróis do seu Toyota preto. Dos dois lados da estrada só se via capins muito altos, e seu carro parecia ser o único a trafegar por aquela rodovia. Ele permanecia com uma mão no volante e a outra encostada na cabeça e apoiada sobre a janela aberta; sua mente viajava por pensamentos, embalada naquele som marcante do Nirvana.

King de fato não conseguia entender como ela fora tão sua, de corpo e alma, e agora se fora sem uma explicação plausível. Era a Amely que levava café da manhã para ele no quarto, antes que tivessem que sair. Era a Amely que pedia para ele cantar todas as noites para ela dormir, era a Amely que fazia panquecas no jantar, foi a Amely que o fez sorrir quanto ele tirou um 2,0 na prova de Cálculo avançado na escola, era a Amely que sempre aparecia de surpresa e lhe roubava um beijo, era somente com a Amely que ele sentia as mãos tremerem. Ele costumava pentear seus cabelos antes dela ir para a escola, ela sempre pedia um beijo de despedida, ela sempre olhava para trás quando ia embora. Foi no seu ombro que a Amely chorou a noite inteira quando seu cachorro Bob morreu, era na sua mão que ela pegava sempre que sentia medo.
Ele sabia que seu cheiro era o que ela mais gostava; como ela pôde abandoná-lo?

King entrou na cidade que surgia a sua frente, cada vez mais iluminada. Não precisava pensar muito, ele sabia automaticamente como chegar na boate que costumava frenquentar antes de conhecer a Amely. Ela nunca fora do tipo que gostava de boates.
King enfrentou a fila de carros a sua frente, entrou no estacionamento que ficava na parte de baixo da boate, e subia para comtemplar a multidão de pessoas que surgiu a sua frente. Logo King encontrou seus amigos Lucas e Dan. O primeiro era muito alto e de um cabelo muito loiro; seus olhos verdes o deixava ainda mais bonito naquele corpo branco e malhado. O segundo era igualmente bonito, embora tivesse os cabelos pretos caindo por sobre seus olhos, covinhas nas bochechas ao rir e um corpo brozeado.
Os três eram amigos desde a terceira série, eram inseparáveis. Dan e Lucas achavam a Amely incrível, como todos os caras que a conheciam. Eles também não entendiam um fim tão prematuro.

Lá pelas tantas da madrugada, o trio se divertia provando todas as bebidas do bar quando King pousa os olhos em uma garota que acabou de sentar-se no bar. Ela tinha longos cabelos loiros e a pele de uma brancura reconhecível. Definitivamente não era a Amely, porém aquela garota se parecia muito com ela.
King não pensou duas vezes, colocou-se de pé e foi até ela.
- Posso te pagar uma tequila? - King apressou-se em dizer.
Sem olhar para ele, ela lhe responde um sim e descruza as pernas nuas.
- Eu sou Samantha. - Disse-lhe virando o rosto para ele.
- Eu sou o Robert. - e abriu um sorriso para a garota. - Você parece muito com alguém que eu conheço.
- Hum... uma ex-namorada. E provavelmente ela que te deixou pra você estar com esses olhos. - disse dando um sorrisinho sarcástico.
- E você, não tem namorado? - disse esquivando-se da resposta.
- Não sou do tipo de garota que namora. - disse bebendo sua tequila que acabara de chegar.
- Que tipo de garota você é, então? - disse gostando do rumo que a conversa levava.
Antes de responder, ela procura por um cigarro na sua minúscula bolsa preta que combinava com seu curto vestido também preto. Acende o Luke Strike e o encara ainda mais ousada.
- Que tipo de garota eu sou? HAHA... das que não têm medo.
King tomou-a em sua mão e a puxou para o meio da pista. Samantha encostou o seu rosto no dele. King aproximou os dois corpos, que se coloram e passaram a seguir o ritmo lento da música. Ficaram assim por alguns breves minutos, vez por outra seus olhos se encontravam. King não conseguia tirar os olhos da boca de Samantha e toda vez que tentava beijá-la ela recuava, provocando-o. De olhos abertos King podia ver a sua frente aquela a quem tanto amava, apertou mais fortemente sua cintura e parou de movimentar-se, pôs a outra mão por debaixo dos seus cabelos e beijou aquela boca vermelha. Ele beijava a boca da Amely.

Horas mais tarde, os dois conversavam alto e bebiam cerveja no carro entre beijos e amassos. A mão dele na perna dela, a mão dela, com longas unhas vermelhas, na nuca dele a outra portando seu Luke Strike já aceso. King freia de repente o que faz a cerveja de Samantha cair no chão do carro. Com o som cortante de uma ré forçada, King para em frente ao Empire's Hotel. Os dois logo descem do carro assim que chega o manobrista. King pega-a pela mão e na outra conserva a cerveja.
- Suíte presidencial, por favor! - Diz sem prestar o mínimo de atenção no funcionário.
Os dois sobem. Ao entrar no quarto, King logo a puxa para si cravando os dedos em suas costas. Samantha, sem dificuldade nenhuma, rasga quase todos os botões da camisa dele. King a joga na cama e quando ainda está de pé, fica a observar aquele rosto de maquiagem borrada, aquele corpo com o vestido suspenso até o quadril, aqueles cabelos loiros se espalhando pela cama.
- Amely. - Ele pensa ao se deitar em cima daquele corpo cheio de tesão.

King acordou com uma fresta de luz que pairava exatamente sobre seus olhos. Piscou várias vezes tentando entender, em meio àquela dor de cabeça, onde estava. Mas ao ver o corpo nu que se estendia em um sono profundo ao seu lado, pegou as roupas do chão e se vestiu. Tirou todas as notas que tinha dentro da carteira e deixou sobre a cama. Aquilo dava para o Hotel, para um café da manhã, um táxi e ainda sobrava. King entrou no elevador abotoando o único botão que lhe sobrou na camisa, entrou no carro e voltou pela mesma estrada pela qual vinhera, agora claramente iluminada pelo sol das 11 horas.


Continua

Por, CamilaLemos .


terça-feira, 24 de agosto de 2010

Four .


Amely estava em seu último ano do colégio e embora odiasse todas aquelas aulas idiotas, costumava frequentá-las quase que todos os dias.
De manhã punha sua camisa branca e uma gravata cinza que ia até a altura do umbigo; vestia sua saia igualmente cinza a qual enrolava o coz para que seu tamanha atingisse um palmo acima dos joelhos; calçava suas meias 3/4 de um branco impecável e por cima um sapato preto devidamente engrachado no dia anterior pela empregada. Sentava-se de frente ao espelho da penteadeira de madeira branca que fica bem ao lado de sua cama, e como toque final depois de uma maquiagem leve e os lábios sóbrios, punha uma fita, igualmente cinza, segurando seus longos cabelos loiros e escováva-os até que estivessem perfeitamente simétricos.

Se alguém pudesse vê-la da porta de seu quarto veria uma garota ainda com cara de menina, enfentando-se naquele quarto também de menina com suas paredes nos tons de rosa e branco. A mobília ainda era a mesma de quando tinha 14 anos, suas bonecas ainda repousavam contra a janela e sua cama mais parecia de uma princesa de conto de fadas. Porém o que continha naquele guarda-roupas já não eram mais roupas de menina, seus sapatos eram quase todos de um salto muito alto, suas bolsas de grife também já não eram mais de menina.

Levantou-se e dirigiu-se até uma tábua solta do assoalho, bateu de um lado da madeira e por sua vez o outro lado se levantou, deixando ver um buraco no chão. De dentro ela tirou um saquinho branco, o qual espalhou sobre um espelho de mão; com a ajuda do cartão de crédito, que sua mãe lhe havia dado quando fizera 12 anos, fez três filas perfeitas de um pó branco que logo logo desapareceu por dentro de seu nariz. Pegou um dos saquinhos e pôs dentro da bolsa, os outros guardou de volta dentro do fundo falso. Foi até o baú que ficava aos pés de sua cama, abriu-o e de dentro tirou uma garrafa de wisky, a qual tomou três ou quatro goles antes de guardar de volta.
Amely sabia que não precisava esconder nada daquele quarto, ninguém entrava nele; era somente seu, o seu mundo de menina. Seus olhos deram de cara com o relógio, o que a fez correr quarto afora, batendo a porta antes de sair. Correu pelo longo corredor que se seguia, tudo era muito branco, de um teto muito alto e quadros enormes nas paredes. Vez ou outra se deparava com bustos de mármore pelo caminho. Desceu as escadas largas na qual se destacava o tapete vermelho que não chegava até as extremidades. Não escutou quando a empregada falou com ela, pois já havia corrido a imensa sala e saído de casa batendo a porta. Um carro já estava a sua espera no jardim, a limosine que estava sempre a sua disposição igualmente com o motorista, por ordens de seus pais.
Deu bom dia para o motorista e sentou-se no banco de couro acendendo um Malboro Light; abaixou o vidro e acenou para a empregada pela qual havia passado correndo.
Aquele era mais um dia comum na vida da Amely.


Continua.






P.S: Eu tava com a ideia desse capítulo com mais uns detalhes extras. Mas tô tão cansada (pra variar) que vou deixar assim mesmo.

Por, CamilaLemos .

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Three .


King deitou-se na relva molhada e fitou o céu pelas brechas da copa da árvore. Pôs a mão sob a cabeça, e ficou a ver um passarinho que construia um ninho em um dos galhos mais baixos. Uma borboleta azul posou em seu peito e ficou ali por segundo até que levantou vôo de novo. Mesmo com os olhos abertos, a única coisa que ele via era a Amely.

Estavam em um quarto de paredes brancas, teto muito alto e chão coberto de um carpete beje claro. Haviam cortinas cor de vinho que encobriam a grande porta de vidro que dava para a varanda. De fora desta, se podia ver uma longa extensão de grama verda, no qual no meio desse espaço havia um bela piscina que refletia uma água azul límpida.
Naquele momento as cortinas estavam entreabertas, deixando-se ver o sol que se punha lá fora. Pela luz crepuscular do quarto, King podia ver o corpo nu de Amely deitado ao seu lado. O braço esquerdo dela estava sobre o seu peito, enquanto o direito estava estre o rosto e o tavesseiro. Um edredom cobria o corpo dela até a cintura, deixando amostra a suas costas brancas e seus longos cabelos loiros. Ela o olhava com aqueles grandes olhos cor de mel, não tão claro como os dele, mas o suficiente para contrastar com a pele clara. Ela sorria com aquele sorriso dissimulado que só ela era capaz de fazer, como quem guarda a respesta de uma piada que alguém está tentando adivinhar.

King puxou-a para mais perto do seu corpo e fitou o teto.
- Gosto de sentir seu coração batendo. Ele bate tão forte que não consigo dormir. - Disse Amely repousando a cabeça no peito de King.
Ele soltou uma risada leve e depositou-lhe um beijo demorado na testa.
- Canta pra mim? - Ela pediu levantando-se e beijando-lhe os lábois de leve; e voltou para posição em que estava.
- O que você quer que eu cante?
- Qualquer coisa. Só quero um dia poder fechar os olhos de novo e ouvir sua voz cantando em meu ouvido.
Segundos depois, após um pigarreado, King aproxima sua boca do ouvido dela:
- "Já conheci muita gente, gostei de algumas garotas, mas depois de você os outros são os outros. Ninguém pode acreditar na gente separado. Eu tenho mil amigos, mas você foi a minha melhor namorada... São tantas noites em restaurante, amores sem ciúmes. Eu sei bem mais do que antes sobre mãos, bocas e perfumes. Eu não consigo achar normal meninos do seu lado. Eu sei que não merecem mais que um cinema com minha melhor namorada..."
Amely riu das adaptações feitas e da música escolhida.
- Sua vez... - Ele lhe disse retribuindo o sorriso.
- Você sabe o quanto sou péssima nisso.
E de fato King sabia que a Amely não conseguia cantar um acorde sequer no tom.
- Amo você. - Ela escutou logo após sua risada.
Se fez séria novamente, deitou sobre o corpo nu dele e deu início a uma série de beijos que começou pelo pescoço e terminou em sua orelha, dizendo:
- Amo você também!

Ao se dar conta, o passarinho já não estava mais trabalhando em seu ninho, nem havia mais borboleta alguma ao seu redor. Ao se dar conta, percebeu que não haveria mais Amely... nunca mais. Ele teria que se contentar com aquele 'amo você' dito sobre sua cama.


Continua.


Por, CamilaLemos .

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Two .


09:30. Era o que o relógio no criado-mudo estava marcando. Amely levantou-se as pressas para aquela manhã de primavera, ainda com sono e resquícios de maquiagem da noite anterior. Correu até o banheiro e enfiou-se debaixo do chuveiro; lavou os cabelos para tirar o cheiro de cigarro, escovou os dentes para tirar o cheiro de álcool. Pegou o primeiro vestido que viu jogado em cima de uma poltrona. Aquele de cor azul-claro que caia tão bem naquela pele branca. Refez a maquiagem e pôs saltos altos. Correu até a gavetinha do seu criado-mudo e de lá tirou uma caixinha preta. Metade do que havia dentro desapareceu em uma aspirada só, o resto ela pôs em sua bolsa e saiu porta afora.

Teve que andar a passos largos, quase correndo. O lugar que havia marcado com o King não era muito longe. Ela teria que resolver isso logo se queria chegar a tempo para o almoço com o Cho.
Logo logo a relva clara e molhada foi surgindo a sua frente, mais laguns metros e já dava para ver o King sentado na grama sob uma árvore robusta. Desapressou os passos, toda essa correria a essa hora da manhã já a estava deixando cansada.

King tinha os olhos de um castanho muito claro e os cabelos já não tão claros. Ele supostamente era o cara que qualquer garota gostaria de conhecer; inteligente, bonito e dono de um status social formidável. Seu nome verdadeiro era Robert, mas a Amely o chamava de King pelo fato dele quase ter roubado seu coração.
Mas a Amely não era uma garota qualquer; se ela tinha tudo, então ela queria mais.

Houve-se dois segundos de hesitação na qual ela agachou-se do seu lado e tocou-lhe os cabelos desgrenhados. Ele parecia um tanto assustado, outro tanto magoado e mais um tanto triste. Claro que ele percebera que ela estava indo embora, ela só não sabia quando havia deixado isso transparecer.
Disse-lhe o que era preciso, sentiu uma pequena dor no coração, e isso lhe era totalmente novo, mas nada forte o suficiente para prendê-la. E como era de se esperar, as mãos de King acabaram por soltar o pulso de Amely que deu-lhe as costas e iniciou seu caminho de volta.
Os seus olhos até se encheram de lágrimas por um instante, no próximo ela estava odiando aquela terra molhada engolindo seu salto.

Continua.



Por, CamilaLemos.